The 2021 New Year was born at a great cost.

I just received the sad news of the death of the fado icon, Carlos do Carmo. What can I share from this Fado genius who was born for the national song?

Surely, growing up in a Fado family influenced him to follow his mother’s footsteps, the great Lucília do Carmo.

I simply wish to share some of my memories of Carlos do Carmo.

While living in Lisbon

When I was 6 years old, I was enrolled in Elemantary School No. 22 at Calçada do Combro in Lisbon.

I later realized that a boy, a few years older than me, followed the same path to school in the morning.

While walking to the door of “my” school, this kid often walked down the sidewalk, on the other side, heading to Liceu Passos Manuel. 

I never knew who he was until decades later when I became interested in “songs”. 

In conversations with my mother, she shared that fado singer Lucília do Carmo lived on the same street in Lisbon.

I grew up in the famous Bica district, which gave the world four Fado singers’ voices that remained in history: 

  • Fernando Farinha 
  • Manuel de Almeida
  • Lucília do Carmo
  • Carlos do Carmo

Rua da Bica Duarte Belo is the central street, the “elevator” street that goes up the neighborhood, and transports those who go up on their way to Bairro Alto or go down to Rua do Conde Barão and the old Praça da Ribeira.

Our family lived on the fourth floor at number 15, and further down at number 3 lived Carlos do Carmo’s family.

We meet in the US

It was only when he performed in Fall River, decades later, that I met him personally.

I identified myself as a former resident of the neighborhood, and he asked me the number and name of the street or crosswalk where I lived.

Carlos do Carmo at Zeiterion

Immediately he asked: “So you are the daughter of that gentleman who worked at the Jornal das Colonias?” I was speechless for a moment. Yes, in fact, it’s me, I said.

After a few words, we discovered, at the same time, that we were the kids who were walking to our respective schools almost at the same time along the Calçada do Combro, how life proposes circumstances to us!

Today, the first day of 2021, goes down in history for me with a tremendous longing for my Alfacinha colleague, my neighbor from Bica, the icon of Fado, and the incomparable talent that was Carlos do Carmo.

Goodbye Carlos do Carmo! Although absent from the city where I was born, here on the other side of the Atlantic, your song “Lisboa Menina e Moçal” will have an abundantly indiscernible meaning because, there in the Bica neighborhood where I grew up, a few doors down from mine, I had a neighbor named Carlos do Carmo.

Article by: Maria José Carvalho, Feel Portugal in USA

Artigo em Português

CARLOS DO CARMO: Nasceu para cantar o Fado

O ano novo de 2021 nasceu e a que custo? Recebi há pouco a noticia triste do falecimento do ícone do fado, Carlos do Carmo. Que posso eu partilhar desse génio fadista que nasceu para a canção nacional? 

Decerto que ao crescer no seio de uma família fadista teve mais influência para seguir as pegadas da mãe, a grande Lucília do Carmo.

Eu simplesmente desejo partilhar algumas lembranças. Quando eu tinha 6 anos, fui matriculada na Escola Primária No. 22 na Calçada do Combro em Lisboa. 

Algum tempo depois notei que um rapaz uns aninhos mais velhos que eu seguia o mesmo caminho de manhã para a escola. 

Enquanto eu me dirigia para a porta da “minha” escola, o tal miúdo seguia descendo a calçada pelo passeio do outro lado, ele seguia caminho para o Liceu Passos Manuel.

Nunca soube quem era até décadas mais tarde quando me interessei pelas “cantigas” e tive várias conversas com a minha mãe e ela partilhou que a fadista Lucília do Carmo morava na mesma rua lá em Lisboa.

Cresci no famoso Bairro da Bica, que deu ao mundo quatro vozes fadistas que ficaram na história: 

  • Fernando Farinha
  • Manuel de Almeida
  • Lucília do Carmo
  • Carlos do Carmo

A Rua da Bica Duarte Belo é a rua central, a rua do elevador que sobe o bairro e transporta aqueles que sobem a caminho do Bairro Alto, e os que descem para a Rua do Conde Barão e a antiga Praça da Ribeira.

A nossa família residia no quarto andar do número 15, e mais abaixo no número 3 morava a família do Carlos do Carmo.

Só quando atuou em Fall River décadas mais tarde é que o conheci pessoalmente.

Identifiquei-me como antiga residente do Bairro, e ele perguntou o número e nome da rua ou travessa.

Imediatamente ele perguntou: “Então a senhora é filha daquele senhor que trabalhava no Jornal das Colónias?”

Fiquei sem fala por um instante. Sim, de facto sou eu.

Palavra puxa palavra e foi então que descobrimos, ao mesmo tempo, que éramos os miúdos que caminhávamos para as nossas respetivas escolas quase á mesma hora pela Calçada do Combro. Como a vida nos propõe circunstâncias!

Hoje, o primeiro dia do ano 2021 fica para mim na história com uma saudade tremenda do colega alfacinha, do vizinho do Bairro da Bica, do ícone do Fado, e do talento incomparável que foi Carlos do Carmo.

Adeus Carlos do Carmo! Apesar de ausente da cidade onde nasci, aqui do outro lado do Atlântico, o teu “Lisboa menina e moça” terá um significado abundantemente indiscernível porque, lá na Bica onde cresci, poucas portas abaixo da minha, tive um vizinho chamado Carlos do Carmo.

Artigo por: Maria José Carvalho, Feel Portugal in USA

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